quinta-feira, 4 de junho de 2009

Mulher de Verdade.



Li este post no blog Caminho Trilhado e é motivo de grande reflexão. Eu particularmente já assisti este filme e vale a pena retratá-lo aqui.

MULHER DE VERDADE


Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: É a que nós mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante.
É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papeis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante.
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma ideia sobre a poluição da Baia de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres - e os maridos - de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado de uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer - sem esquecer as flores e as velas acessas, claro, e com isso o casamento continue tendo aquele toque de glamour fun-da-mental para que por dure por muitos e muitos anos.
Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha, não a que faz de conta que trabalha, mas a que trabalha mesmo.
No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada, mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo de glamour - aquele - das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destroi e enruga a pele, e quando se percebe, a guerra está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes - aqueles que enlouquecem os homens - precisa, fundamentalmente de duas coisas: tempo e dinheiro.
Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe, tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada - o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete - um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai alegremente para uma happy-hour.
Aliás, se as empresas trocarem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros para lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito, não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham no espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que tem cinco minutos - só cinco minutos - para decidir a roupa que vão usar no trabalho, na luta contra o relógio, o uniforme termina sendo preto o bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam à casa, tem que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procura entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda tem um namorado que apronta, e sem o qual acham que não conseguem viver.
Segundo um conhecedor da alma humana, só existe três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade: impossível eu diria.
Parabéns para quem consegue fingir tudo isso..."
(Danusa Leão, jornalista)

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